Destiny and Racionality - Capitulo 1

Aka estava na cozinha a ajudar a mãe com o almoço quando o pai chegou e disse:
-Lana, onde está a minha caçadeira?
Lana Bzura, mãe de Aka, tira o avental, deixando assim, o almoço nas mãos da filha, e sai pela porta que vai dar ao porão.
-Pai, para que é que queres a caçadeira?
-Os lobos atacaram outra vez os cordeiros. Desta vez vamos apanhá-los!
-Mas como sabes que foram os lobos?
-Ora, que pergunta! Aka, eles mataram os cordeiros, estavam cinco deles mortos, cheios de mordidas e sangue. Só um animal faria aquilo!
-Mas então, não tens a certeza que foram os lobos...
-Pára com isso! Aka, pára de defender quem é culpado!
-Oh, pai não podes matá-los se são inocentes!
-Mas não são inocentes, Aka! Não faças isso! Já disse o que que tinha a dizer, basta!
A mãe de Aka regressou com duas espingardas nas mãos:
-Toma, encontrei a tua antiga também.
-Melhor. Posso dar uma ao Jardas. Vamos juntar-nos todos contra aqueles cães selvagens.
-Faz como queiras querido, mas não quero armas em cima da mesa.

Depois do jantar, Aka deitou-se na cama e ficou a refletir... Gostava de animais e sofria bastante pela morte de um...
-Quando um humano mata um animal, não lhe fazem nada, e mesmo quando um humano mata outro humano, ele no máximo vai preso, em contradição, quando um animal mata outro, querem logo tirar-lhe a vida, mesmo se o animal faz isso para não morrer de fome ou até para alimentar as crias... Acho injusto! Muito injusto mesmo!

No dia seguinte, Aka estendia a roupa, quando viu o seu pai e os vizinhos a correr e a gritar "Olha o lobo, olha o lobo!", foi então, apressada buscar o seu casaco vermelho e pelos próprios pés foi em busca da justiça.
Rapidamente perdeu de vista os homens da aldeia, por culpa do nevoeiro de Inverno que dificultava a vista. Resolveu sentar-se junto a uma árvore e esperar que o nevoeiro passa-se ou alguém a viesse encontrar...

O tempo foi correndo e o nevoeiro pouco a pouco foi passando. Deviam ser umas onze horas da manhã.
Aka levantou-se, retirou o seu casaco com capuz e enxugou-o. Graças ao nevoeiro estava encharcada, com frio e perdida no meio do mato...
Começou a andar e andar para ver se reconhecia algum caminho ou, ao menos, se recuperava sentido de orientação...
As meias molhadas dificultavam o andar. Tirou-as junto com os sapatos, e passou a caminhar descalça. Como consequência feriu um dos pés, rasgando-o numa pedra.
Chorando e esfregando o pé, para tentar suportar a dor, tombou e rebolou no chão pelo bosque abaixo. Só parou quando uma grande pedra cruzou o seu caminho. Agora aguentava a dor do pé que sangrava e das costas que bateram violentamente na pedra... Estendida no chão, chorou... Chorou até adormecer...
Acordou quando sentiu o ferimento doer de novo, levantou a cabeça do chão e viu um rapaz com a boca colada ao pé dela.
-Ah! -Gritou Aka enquanto se levantou. -Que queres?!
-Nada... Estás ferida, pensei que estivesses morta... Senti o cheiro de sangue, mas depois reparei que foi só um ferimento que estava a infeccionar... Estava a desinfeccionar-te a ferida...
-O-obrigada... -Voltou a deitar-se por não aguentar a dor de costas.
-Dói-te mais alguma coisa, não é?
-Não... Estou bem, obrigada. Só tenho de descansar um pouco...
-O que é que te dói mais para além do pé?
-Nada... já disse que estou bem...
-Não mintas! Eu sei, pressinto-o! Odeio o que estás a fazer, por isso diz de uma vez! -Ele estava a ficar zangado, e os dentes sobre-saiam pra fora...
-A-as costas...
Rapidamente, o rapaz abraça-a e diz:
-Fecha os olhos e se sentires dor aperta-me num abraço.
Não sentiu muita dor, mas estremeceu ao sentir o toque das mãos dele nas suas costas. Quando abriu os olhos, ele recebeu-a com um sorriso maligno.
-Sabes... não era preciso abraçares-me sequer... Eu sei que não te doeu, só disse que podia doer para te assustar ahaha!
-Oh... Mesmo assim, já não me dói tanto as costas...
O sorriso dele desapareceu e os dentes já não sobressaíam tanto na boca... Levantou-se bruscamente e virou as costas...
-O que é que uma rapariguinha como tu está a fazer aqui no meio da floresta?
-Ham... Só a dar um passeio...
-Não estarás a mentir de novo...? Porque fazes sempre isso?
-Não quero que tentem impedir-me, desculpa...
-Impedir-te de quê?
-Querem matá-los! -Disse ela levantando-se depressa quase a chorar... -Nem sequer têm a certeza se são eles os culpados...
-Os lobos...?
-Sim! Não quero que os matem!
-Porque não?
-Não têm culpa! Mesmo que tivessem.... não mereciam a morte!
-Tens razão... E foi só por isso que vieste aqui ter?
-Sim... Vim atrás do meu pai e os restantes dos caçadores, mas depois veio o nevoeiro, veio a pedra, os sapatos, as meias, caí, a outra pedra, tu e... e agora estou aqui e talvez eles os tenham apanhado...
As lágrimas escorriam-lhe pela cara, e o rapaz, sem saber o que fazer, pousou a mão no ombro dela e disse:
-Calma, não apanharam não... E se isso aconteceu depois das seis da manhã, nem estavam a perseguir lobos... talvez fossem raposas... Durante o dia os lobos não aparecem... nesta região, digo. -O rapaz deu alguns passos pensativo. -Faz-me um favor e não voltes a esta parte da floresta, está bem?
-Mas... estou perdida...
-Vai pelo caminho da esquerda e depois vai sempre em frente, chegas à aldeia...

Continua...

Bom, gente, primeiro capitulo concluído.
Eu sei, ficou um pouquinho grande...
Mesmo assim, espero que gostem ;)
Kissus~